E mais um ano que se finda...
É meio estranho... 2005 tinha tudo para ser bem virtuoso, mas não. Na verdade, foi um dos piores anos que eu poderia esperar. Mas não vou me lamentar, não vou reclamar; afinal, 2006 tá chegando aí, e quero fazer uma coisa rara: manter o saudosismo que existe em mim aceso. Já faz quase 48 hs que não tenho uma crise histérica ou saudosista; poss me dar esse direito.
Não sei o que espero desse ano que chega, mas sei que toda a mentira que eu posso me aplicar ultimamente, eu faço. As bases vindas desse lixo que se acaba não são necessariamente sólidas, e apesar de não ter sido um ano complexo, foi um ano arrastado.
Tenho medo de, talvez, não ter assimilado com coerencia as coisas que aconteceram, e de, novamente, insistir no mesmo lixo pelo qual passei.
OK, esse existencialismo estúpido me segue a minha vida inteira (seria isso existencialismo?), e não sei me livrar dele. Um pessimismo que persegue, e que chega a ser quase melancólico. Mas uma coisa é certa: é um sentimento deplorável, mas que faz eu me sentir menos perdedora sempre que me desvencilio de fazer um erro já cometido no passado.
Mas 2006 taí, batendo na porta, e todos os pedidos me são fúteis nessa hora.
Li esses tempos que um suicida que se atira de um prédio, quando atinge 2/3 do caminho pulado, se dá conta de que nenhum dos seus problemas é crítico como pensava, que todos têm solução, menos um: ele tinha acabado de saltar de um prédio.
E acho que é bem isso... tudo tem solução; ou nada, porque certamente grande parte dos problemas são inventadas por nós mesmos. E eu sei, por certo, que é muito mais fácil se preocupar com lixo que inventamos que com coisas reais, que independem de nós.
E é tão simples sentir falta de tudo... de um ano ruim, que pelo menos já passou e não volta... pelo menos a certeza de ter superado mais um (alguém sabe por quantos vai conseguir passar???)... Isso parece muito depressivo, mas não é. Para mim, pelo menos, não é.
... A poesia não está morta, temos o funk...
O que me parece ainda mais imbecil, nisso tudo, é que sou uma daquelas estúpidas de Ano Novo, que tenta fazer todas as mandingas pra que o ano seguinte seja bom. Exijo pular as Sete Ondas todo o ano, oras! O triste é que nunca soube o que pedir, e sempre achei meio hipócrita isso. Abusivo! Então sempre tentei agradecer, mas agradecer o que? Creio nunca ter me acontecido algo milagroso demais a ponto de ter de agradecer! Estar viva? Sadia? Sem doenças venéras? Sã? Não seria isso parte da vida? Talvez se algo disso tivesse acontecido, eu tivesse tomado uma porrada na cara e tivesse, realmente, algo por agradecer.
Planos de Ano Novo... nenhum. Nunca cumpri nennhum, então é mais fácil não programar nada e deixar a vida tomar seu rumo.
Talvez coisas internas, como me tornar acessível. Mas como se faz isso? Me acho tão acessível, mas sei que isso me torna tão distante em alguns parâmetros que distancia. Provavelmente distancia todos aqueles que quero aproximar. Tenho medo de já ter virado uma daquelas tias gordas, amarguradas, cheias de gatos... e o pior: nem tendo sobrinho!
Bem, mas pra quem agüentou até aqui, o que posso dizer?
Que se tenha conforto quando deitar a cabeça num travesseiro; conforto de ter fito a coisa certa, de ter se ajudado ou ajudado alguém, de ter uma pessoa bacana pra confortar o cérebro (sim, ainda adepta do platonicismo) ou o corpo. Uma pessoa que te faça feliz, seja amigo, namorado ou qualquer coisa. E como sei que 2005 foi um dos piores anos para a maioria das pessoas que conheço, que saiba que 2006 tem chances de ser diferente. Não acredito que dependa de nós, mas que possamos favorecer a vida a seguir seu rumo, e que o destino se faça presente nas indecisões.
E não é disso que se trata a vida?